Construir um braço robótico, planear uma cidade inteligente e imprimir filetes de peixe – estas e outras atividades feitas no Instituto Superior Técnico 'saíram' do recinto da academia e ganham agora nova vida junto da restante sociedade. Em parceria com o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores – Investigação e Desenvolvimento (INESC-ID) e a Câmara Municipal de Oeiras, o Técnico (Oeiras) levou estas atividades a crianças e jovens em idade escolar deste município, no âmbito do projeto "Engenharia para Todos", uma iniciativa que pretende aproximar a atividade científica da Escola a diversas faixas etárias da restante sociedade e que, só nos últimos três meses, já envolveu mais de mil participantes.
"A ideia é ligar a ciência do Técnico à sociedade", partilha Maria João Verdasca, gestora do Engenharia para Todos. A iniciativa aposta, entre outros exemplos, no apoio a clubes de ciência em escolas. Atualmente, três clubes em Oeiras estão a desenvolver o projeto Smart City, no qual os alunos aprendem a modelar em 3D, a montar circuitos elétricos e programar em Arduino para dar vida à sua cidade. Estes clubes contam, pelo menos uma vez por mês, com o acompanhamento de estudantes do Instituto Superior Técnico, através do Núcleo de Estudantes de Engenharia Eletrónica e do ROB 9-16, um clube de robótica e eletrónica.
O projeto Engenharia para Todos vai também retomar o projeto Lab In A Box ("laboratório numa caixa") aplicado às escolas. Inicialmente, o Lab In A Box ajudou crianças em África a familiarizarem-se materialmente com o conceito de um laboratório, realizando pequenas experiências com kits de baixo custo e fácil transporte. Partindo desta ideia, o projeto foi expandido de forma a poder também ser utilizado em salas de aula em Portugal. Está prevista a oferta de formação a professores (maioritariamente de 1.º e 2.º ciclo) para que estes possam explorar o conteúdo curricular com as suas turmas de forma mais prática, recorrendo a estes kits para realizar experiências ao longo do ano.
"O Lab In A Box, focado no ensino experimental das ciências, passa agora a ser impulsionado pelo Instituto Superior Técnico", um "renovado enquadramento" que, segundo Maria João Verdasca, "permitirá acolher novas atividades experimentais, que, para além das ciências naturais, integrarão também áreas da engenharia e tecnologia".
"Em janeiro de 2025, será promovida, em São Tomé e Príncipe, uma formação de professores em ensino experimental das ciências, onde serão entregues às escolas locais kits de materiais para fomentar o ensino experimental na região", informa.
Para estudantes do 12.º ano de escolaridade, será implementado um projeto de mentoria que, com base nos seus interesses, incentivará estes alunos a desenvolver os seus próprios projetos, com acompanhamento de investigadores do Técnico ao longo do ano letivo. Haverá ainda uma aposta em projetos de ciência cidadã, entre os quais a medição da qualidade do ar nas escolas em parceria com o Programa Ciência + Cidadã e a InovLabs.
Para o futuro, estão também planeadas atividades de Engenharia para Todos envolvendo públicos sénior – alguns exemplos incluem a possibilidade de integrar uma bolsa de voluntariado para apoiar a investigação em robótica, inteligência artificial e jogos digitais ou mesmo a participação em iniciativas como visitar os laboratórios do Técnico, receber cientistas para palestras e workshops nas universidades sénior, ou assistir ao Encontro dos Clubes de Ciência de Oeiras.
"Através de atividades práticas em sala de aula e nos clubes de ciência e das visitas ao Técnico, temos visto crianças e jovens a explorar soluções criativas para desafios reais, demonstrando um envolvimento incrível e um verdadeiro espírito de inovação", comenta Maria João Verdasca. "O projeto Engenharia para Todos tem sido recebido com grande entusiasmo pelas escolas e pela comunidade, mostrando o impacto positivo de iniciativas que aproximam a ciência e a engenharia das pessoas", partilha.
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